quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sobre o CARNATAL: Nem uma palavra a menos!



Então é Carnatal. Tempo de voltar no tempo. De reviver a Idade Média. De urinar nas ruas. De violentar os sentidos uns dos outros, com gritos, fedores, empurrões. 

É tempo de ir à caça das fêmeas como faziam os neandertais. De agarrar-lhes à força, rasgar-lhes a roupa, forçar-lhes o beijo, mostrar-lhes quem manda, que esse negócio de feminismo é conversa fiada, um disfarce pra esconder quem ainda está no poder, quem ainda lhes tem como posse. 


É tempo de descansar as máscaras da moralidade. Deixar na gaveta, por três dias, o poder que nos prende. 

Ficar com um, dois, três na mesma noite, na mesma volta. Trair-se, e aos outros. Viver toda a canalhice e estultice que forçamos esconder durante os 362 dias restantes. 

É tempo, ainda, de materializar as barreiras, erguer os camarotes, cercar a alegria, pôr cordas entre as pessoas e pagar caro pelo prazer estrango de estar acima, de estar à parte. 

Carnatal é a celebração da barbárie, desagregação  da hipocrisia, da aniquilação ( momentânea que seja ) de todas as regras do bem viver. Não há uma gota de arte, uma nota de música. É uma festa para os empresários ficarem mais ricos e os pobres ficarem na mesma. 

Há não muito tempo, alguns jovens ocupavam as ruas de Natal por protesto - contra aumento de passagens no transporte público. A polícia lhes surrou. Hoje, um grupo diferente se prepara para ocupar o mesmo espaço por mais tempo, e sujar, e gritar, impedir. Estes serão protegidos. 

É que é Carnatal: tempo de amar o vazio, de cantar o mesquinho e reformar o abadá.

 Por Léo Ventura:

2 comentários:

Fernando Joaquim disse...

Achei um discurso conservador disfarçado de libertário. Sem mais!

DRDRDR disse...

Por Júlio César Pinheiro
Sou abecedista. Em um momento da minha vida, tive que aguentar carreatas do América nas ruas comemorando acesso ou título. Ficava irado com o engarrafamento na BR-101 ou próximo à Praça Cívica. Em outros anos, eu participei das comemorações do ABC. Os americanos devem ter ficado irados com o trânsito na Rota do Sol e Engenheiro Roberto Freire, sem falar no barulho dos trios elétricos. Nos dois casos, sobrevivemos. Como sobrevivemos a muitas outras manifestações, seja ela qual for. Inclusive o de uma micareta.

Há a comemoração da Parada Gay, que fecha ruas e faz barulho. Há a Marcha da Maconha que reúne, obviamente, maconheiros e para o trânsito de ruas. Há até a Marcha das Vadias. Para mim, que não participo de nenhuma, é um transtorno quando passo próximo. O que falar então dos engarrafamentos causados pelos protestos (?) contra Micarla, contra passagens de ônibus, ou até as comemorações de políticos? Também não participo de nenhuma e fico puto quando estou preso no trânsito.

Falando em sobre transtornos, o que isso tudo tem de diferente de um Carnatal? Que o Carnatal são quatro dias? Besteira. Se fosse um dia teria reclamação do mesmo jeito. Que no Carnatal só tem gente bêbada atrás de pegação? É inveja ou síndrome de velha desocupada que se preocupa com a vida dos outros. Só vai para o Carnatal, ficar bêbado e na fuleragem, quem quer. Quem não pode pagar pode ir, mesmo que não com o mesmo "glamour" de quem paga para ir a um dos blocos - e também só paga se quiser.

Do mesmo jeito que tem gente que gosta de ir à Parada Gay, à Marcha da Maconha ou a protestos no Midway Mall, tem gente que gosta de beber, ouvir axé até estourar os ouvidos e se divertir com a pegação. Po, criticar pegação? Isso incomoda alguém? Só o "peganinga" e a "canhão".

Podem criticar o axé, mas ai de quem falar que não gosta de ver um travesti mostrando os peitos ou a bunda na Parada Gay. É homofóbico. Podem criticar o loló e a cerveja no Carnatal, mas não falem que quem fuma maconha é maconheiro e que eles financiam, sim, o tráfico. Você assinará o atestado de careta. Se você passa o ano todo trabalhado, mas gosta de passar quatro dias levando nada a sério e em uma micareta, você é alienado. Cabeça, consciente e intelectual é quem consegue chegar à frente do Midway Mall às 17h de uma quarta-feira para bloquear o retorno para casa de quem passou o dia trabalhando e quer somente tomar um banho e descansar. Ah, sobre futebol não se pode falar. É paixão nacional. Carnatal, que tem bem 20 anos, não é tradição de Natal. Não?

Outra coisa que falam é que Carnatal só serve para enricar empresários. E querem que enrique quem? Querem que os caras trabalhem, invistam e dividam o dinheiro com os intelectochatos do Facebook? Admiro quem sabe ganhar dinheiro, desde que seja honestamente. Em bem 20 anos de Carnatal, não lembro de uma denúncia sobre um crime ligado à corrupção, alguma maracutaia com o Poder Público. Só ilações. Crime é vender maconha.

Como não tô tomando conta nem da minha vida direito, quero mais é que se divirta quem vai pra onde for, que gasta o que tiver (ou não tiver) e pega quem quiser e puder. Não vou entrar nessa moda pós redes sociais em que qualquer bundão se acha no direito de apontar o dedo pra todo mundo e dizer como os outros devem se portar, principalmente para ser considerado um cara descolado. Não vou por Carnatal pelos mesmos motivos que não vou à Parada Gay, Parada Hétero, Marcha da Maconha, das Vadias ou protestos do Midway: porque eu não quero. Quem quiser que vá. Se divirta ou se exploda.

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Top WordPress Themes