quarta-feira, 31 de julho de 2013

"Carta de Ponta Negra" entregue à Prefeitura do Natal


A Assembleia presente a Audiência Pública realizada na AMPA, na terça feira passada, dia 23.07.2013, rejeitou por unanimidade o PL 095/2013 e fundamentou a decisão através do documento "Carta de Ponta Negra" que será entregue na Prefeitura amanhã, dia 25.07.2013. Confira.

CARTA DE PONTA NEGRA
AO PROJETO DE LEI QUE AUTORIZA A LICITAÇÃO DO TRANSPORTE PUBLICO NO MUNICÍPIO DO NATAL

AUDIÊNCIA PÚBLICA DE 23 DE JULHO DE 2013, ÀS 19h00min, OCORRIDO NA ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DOS PARQUES RESIDENCIAIS DE PONTA NEGRA E ALAGAMAR

'A construção de um sistema de transporte público e de mobilidade urbana em Natal é uma demanda histórica dos mais diversos movimentos populares da nossa cidade e deve ser compreendida na perspectiva de democratização dos serviços públicos para toda a nossa população e em especial para o seu destinatário final, o usuário. Nós, participantes da audiência pública de Apresentação do Projeto de Lei n.º 095/2013, que autoriza a licitação dos transportes no Município do Natal/RN, defendemos a primazia da participação direta do povo nos planos administrativos e legislativos, em todos os níveis governamentais, abertos aos cidadãos individualmente considerados ou organizados em associações, pelos quais se exercem os direitos de informação e de manifestação de tendências, de preferências e de opções populares, com vistas a informar e a orientar os órgãos públicos na tomada de decisões políticas e administrativas.

Acreditamos que para serem efetivados necessitam de uma verdadeira ambiência democrática, preferencialmente deliberativa, posto que esta, possibilite a inclusão da discussão sobre a qualidade dos processos decisórios e da construção das preferências dos indivíduos que deles participam, visando em última instância à democratização das políticas públicas em especial do sistema de transporte que desejamos para a nossa querida Natal.
Algo tão complexo não pode ser feito a “toque de caixa”, nem será obra de umas poucas cabeças iluminadas. É preciso ouvir todos os seguimentos da nossa sociedade e estabelecer uma metodologia participativa para o desenho do projeto. Por essa razão, discordamos da forma como a Prefeitura do Natal/RN veio conduzindo, até aqui, o projeto de lei que autoriza a licitação dos transportes em nossa cidade, de um modo geral.

A formação de um campo de lutas pelos direitos a um sistema de transporte público de qualidade no Brasil é um processo recente e que segue em curso, como resultado de discussões e mobilizações desencadeadas por todo o País durante as ultimas semanas, com a participação de movimentos e organizações sociais. Não por acaso, 2013 pode ser considerado um divisor de águas dessa história: foi um ano caracterizado pela indignação de toda a sociedade em decorrência da total ausência do estado na prestação dos principais serviços essenciais.

Dentro desse panorama, tem sido crucial o papel desempenhado pela sociedade civil. Várias redes e fóruns surgiram ao longo dessas últimas semanas e tencionaram os debates em favor de mais diversidade e democracia.

Queremos deixar claro que o Projeto de Lei n.º 095/2013, encaminhado pelo poder executivo, não levou em consideração ou procurou saber a opinião dos seus munícipes, após um longo período de silêncio e descaso, e de reconhecermos que a provocação da Prefeitura estimulou a nossa reação, discordamos da maneira restrita e particularizada com que esse canal de interlocução foi estabelecido. Ao privilegiar um grupo seleto de organizações como interlocutoras preferenciais, a Prefeitura desvirtua o sentido democrático e abre precedente para que relações personalizadas e favoritismos tomem lugar, em detrimento dos princípios de impessoalidade, moralidade e publicidade que a administração pública deve perseguir. Ao mesmo tempo, impede que outras organizações, movimentos e jovens participem diretamente da elaboração de uma política que é de toda a cidade.

Com relação à proposta da Câmara Municipal do Natal de discutir um projeto de lei que iria mudar a vida de milhares de pessoas nos próximos 30 anos, em somente uma semana, chega a ser absurda tamanha falta de consideração ao cidadão natalense, que não teria condições de analisar detidamente o seu conteúdo e muito menos de proceder e manifestar com as criticas necessárias, em função do tempo reduzido e da superficialidade da apresentação.

As poucas informações que nos chega, a falta de transparência do projeto nos leva a concluir se realmente existe um diagnóstico que o justifique, não nos foi permitido conhecer a visão política que o fundamenta, não entendemos a opção por determinadas escolhas.

Outro dado que nos chamou a atenção é que a proposta parte de um modelo já ultrapassado em todo o Brasil. Evidentemente, qualquer modelo externo pode servir como parâmetro para o desenho de uma política, mas é preciso ter muito cuidado: uma experiência tida como exitosa num certo contexto dificilmente será aplicável a um contexto distinto, sobretudo quando os cidadãos e as cidadãs querem participar das decisões públicas.
Para encerrar a nossa intervenção nesta audiência pública, queremos propor soluções aos problemas que identificamos:

I - Natal precisa construir uma autêntica política municipal de transporte publico, com princípios, diretrizes, ações e orçamento próprios, o que é muito diferente de um mero apanhado de políticas soltas que nem de longe podemos chamar de sistema de transporte publico. Defendemos políticas específicas e integradas, pensadas para hoje e o futuro.

II - Não entendemos a razão dos cidadãos e da sociedade civil organizada estar fora do processo de construção do novo sistema de transporte publico da nossa cidade. Qual o sentido dessa exclusão? Qual o interesse da Prefeitura em esvaziar as salas de discussões? Propomos a irrestrita participação popular como estratégia de consolidação da vontade popular no destino do nosso município.

III - O Conselho Municipal de Transporte Público precisa ser ativado com urgência, em caráter permanente e deliberativo. Propomos a criação de uma comissão de estruturação, que deverá pensar o processo de eleições e sugerir uma legislação para o Conselho, com participação da Prefeitura, da Câmara e da sociedade civil organizada. O Conselho é o legítimo canal de interlocução entre o poder público e a população e é por meio dela que as decisões sobre o sistema de transporte publico deverão ser tomadas.

IV – Um novo sistema de transporte público deve ser pensado com a participação direta dos movimentos populares e integrar uma política maior, afinal, um projeto isolado não pode assegurar os direitos dos cidadãos. Mais do que um ato normativo e apresentado por entidade legitima, o processo de criação de um sistema de transporte público deve estabelecer relações democráticas com a população e contribuir para que a toda a população possa exercer o seu direito de ir e vir, exercício que por si só tem uma dimensão educativa e participativa.

V - Propomos a criação de um grupo de trabalho paritário, composto pela Prefeitura e a sociedade civil, para análise e elaboração do projeto de lei. O grupo poderá se dividir em subgrupos temáticos, conforme os serviços e atividades a serem contemplados na proposta. Esse grupo de trabalho deve ser amplamente divulgado e aberto a contribuições de toda a cidade.
VI - Por fim, reiteramos a nossa disposição para auxiliar na construção de políticas públicas de forma séria, transparente e que levem em conta as reais necessidades dos nossos cidadãos, motivo que nos leva a requerer a Vossa Excelência a retirada do Projeto de lei 095/2013 para que outro seja apresentado, levando em consideração as reais necessidades e apelo dos nossos cidadãos. Que o senhor prefeito ouça o nosso recado: Carlos Eduardo, O POVO QUER MUDANÇA, TRANPARÊNCIA E PARTICIPAÇÃO!

Natal/RN, 23 de Julho de 2013.

Maria de Fatima Leão Garcia Ferreira de Andrade
Associação dos Moradores dos Parques Residenciais Ponta Negra e Alagamar
Presidenta

Cintia Fernanda de Lima
Conselho Comunitário de Ponta Negra
Presidenta

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